Antes de mais nada, explique-me essa
história de você também se chamar Jorge Luis Borges.
Como se tirando do lugar as coisas que
estavam sobre a mesa, lancei ao seu rosto essas palavras, cuja articulação não
permitia qualquer réplica que não fosse a mais absoluta verdade.
A coisa colocada dessa forma, assim,
inesperada, o deixou desconcertado.
Outra vez lá estaria exposto aos seus
curtos-circuitos. Outra vez lá estaria ele buscando alternativas para ganhar
tempo, para se recompor diante daquilo que não conseguia compreender de
imediato.
Perdoe-me, Denise, mas antes que eu fale
sobre isso, precisar fazer outra pergunta: Como você sabe disso? Essa
informação, tenho certeza, não está na orelha do meu livro.
É isso. Ele não poderia deixar por
menos. E fez muito bem agindo assim, pois agora poderia se regozijar ao
perceber que a sua pergunta também me deixou tão desconcertada quanto ele.
(Roberto Amaral, Uma Denise. Vitória, Editora Cousa, 2014)
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