sábado, 24 de maio de 2014

"Pelo sagrado direito ao sonho"


(Claudio Willer: poemas em estúdio. Direção: Pipol)

domingo, 18 de maio de 2014

Ikiru (Viver)


(Tadashi Endo, Ikiru: Réquiem para Pina Bausch)

Baudelaire em seis traduções

À une passante

La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,
Une femme passa, d’une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l’ourlet;

Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,
Dans son oeil, ciel livide où germe l’ouragan,
La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.

Un éclair… puis la nuit! — Fugitive beauté
Dont le regard m’a fait soudainement renaître,
Ne te verrai-je plus que dans l’éternité?

Ailleurs, bien loin d’ici! trop tard! jamais peut-être!
Car j’ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
Ô toi que j’eusse aimée, ô toi qui le savais!

(Charles Baudelaire)



A uma passante

A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
Erguendo e balançando a barra alva da saia;

Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.
Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante,
A doçura que encanta e o prazer que assassina.

Brilho… e a noite depois! – Fugitiva beldade
De um olhar que me fez nascer segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na eternidade?

Longe daqui! tarde demais! “nunca” talvez!
Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!

(Trad. Guilherme de Almeida, 1944)



A uma passante

A rua em derredor era um ruído incomum,
Longa, magra, de luto e na dor majestosa,
Uma mulher passou e com a mão faustosa
Erguendo, balançando o festão e o debrum;

Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispação
No seu olhar, céu que germina o furacão,
A doçura que se embala e o frenesi que mata.

Um relâmpago, e após a noite! – Aérea beldade,
E cujo olhar me fez renascer de repente,
Só te verei um dia e já na eternidade?

Bem longe, tarde, além, “jamais” provavelmente!
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,
Tu que eu teria amado – e o sabias demais!

(Trad. Jamil Almansur Haddad, 1957)



A uma passante

A rua em torno era um frenético alarido.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão suntuosa
Erguendo e sacudindo a barra do vestido.

Pernas de estátua, era-lhe a imagem nobre e fina.
Qual bizarro basbaque, afoito eu lhe bebia
No olhar, céu lívido onde aflora a ventania,
A doçura que envolve e o prazer que assassina.

Que luz… e a noite após! – Efêmera beldade
Cujos olhos me fazem nascer outra vez,
Não mais hei de te ver senão na eternidade?

Longe daqui! tarde demais! “nunca” talvez!
Pois de ti já me fui, de mim tu já fugiste,
Tu que eu teria amado, ó tu que bem o viste!

(Trad. Ivan Junqueira, 1985)



A uma passante

A rua ia gritando e eu ensurdecia.
Alta, magra, de tudo, dor tão majestosa,
Passou uma mulher que, com mãos sumptuosas,
Erguia e agitava a orla do vestido;

Nobre e ágil, com pernas iguais a uma estátua.
Crispado com um excêntrico, eu bebia, então,
Nos seus olhos, céu plúmbeo onde nasce o tufão,
A doçura que encanta e o prazer que mata.

Um raio… e depois noite! – Efémera beldade
Cujo olhar me fez renascer tão de súbito,
Só te verei de novo na eternidade?

Noutro lugar, bem longe! é tarde! talvez nunca!
Porque não sabes onde vou, nem eu onde ias,
Tu que eu teria amado, tu que bem sabias!

(Trad. Fernando Pinto do Amaral, 1999)



A uma passante

A rua ensurdecedora num alarido rugia em torno.
Alta, magra, toda de luto, dor majestosa,
Passou uma mulher, com a sua mão suntuosa
Levantando, balançando do vestido seu contorno.

Ágil e nobre, com as suas pernas de gata.
Eu bebia crispado e esquisito como um falcão
No olhar, céu lívido que germina um furacão,
A doçura que fascina e o prazer que mata.

Um relâmpago... a noite! – Fugidia beleza,
Cujo olhar me fez de repente nascer outra vez,
Só te reverei na eternidade com certeza?

Longe, bem longe: tarde demais! Nunca talvez!
Não sei para onde foges, não sabes aonde eu vou,
Ó você que eu teria amado, ó você que não ousou!

(Trad. Juremir Machado da Silva, 2003)



A uma transeunte

A rua ensurdecedora em meu redor berrava
Alta, esguia, de luto carregado, dor majestosa,
Um mulher passou, com sua mão faustosa
Erguendo, baloiçando o ramo e a bainha

Ágil e nobre, com sua perna de estátua,
Eu bebia, crispado como extravagante,
No seu olhar, céu lívido onde nasce o furacão,
A doçura que fascina e o prazer que mata

Um raio… em seguida, a noite! – Beleza fugitiva
Cujo olhar me fez repentinamente renascer,
Só voltarei a ver-te na eternidade?

Algures, bem longe daqui! Demasiado tarde! Nunca talvez!
Eu não sei para onde fugiste, tu não sabes para onde vou,
Tu que eu teria amado, tu que sabias que sim!

(Trad. Maria Gabriela Llansol, 2003)

[De uma aula de Álvaro Faleiros]



sexta-feira, 16 de maio de 2014

The wolf


(Eddie Vedder, que recentemente fez shows por aqui)

terça-feira, 13 de maio de 2014

O livro de cabeceira

você viveu tanto
pra nada daquilo acontecer
você apenas esperou
o tempo da sua desgraça
que era este
rente a seus pés
você amou tanto
mas foi incapaz de deixar
na pele da sua amada
uma linha sequer
 

(Rodrigo Garcia Lopes, Estúdio Realidade, 7 Letras, 2013)

             (Peter Greenaway, The pillow book)


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Tempo de espera, tempo de Vipassana

Como a prática da meditação transformou a vida dos detentos de uma das maiores prisões da Índia.





(Eilona Ariel, Ayelet Menahemi, Doing Time, Doing Vipassana)