quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Vem que tem

Tem epígrafe de Darwin. Tem dentro, fora e sobre. Tem circo de aberrações, labirinto, prostitutas, século XIX, cachorros, Machado de Assis, decadentismo, Borges, veludo azul, solidão, Oriente, irmãos siameses, peixes, México, gato, Ofélia de Shakespeare. Tem o fato de eu ser míope e mulher. Tem o horror do abuso. Mas tem este lugar concebido pela Viviane Ka, o Eugênia Café Bar, de protagonismo feminino, que pode nos acolher. Tem a percepção de Walter Carlos Costa, estudioso da teoria do conto que redigiu a orelha, o primeiro a entender o que eu queria dizer. Tem o espanto de existir. Tem essa ilustração da Tieko Irii, que, em vermelho-sangue, nos expele para fora do mundo, onde não encontramos lugar. Tem um projeto gráfico lindo, que eu penso não merecer. Tem meu mutismo, minha reclusão e incapacidade de significar por outros meios que não a palavra escrita. Porque eu não existo além da Palavra. Tem um editor que é também escritor, Marcelo Nocelli, e que acreditou neste gênero tão desprestigiado da literatura. Tem, sobretudo, o amor pelas letras, que me moldou. Tem várias partes de mim, homólogas às de vocês, pedaços desmembrados de cada um de nós. E tem a impossibilidade de urrar, que me levou a escrever.


das 19h às 21h30

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