Aqui
vai uma atualização da lista que comecei a elaborar em 2020, a partir das
leituras de mulheres prosadoras que venho fazendo. Repito o texto da época no
segundo parágrafo, acrescentando que tomei contato com a prosa YA (Young Adult),
algo como a sequência temporal da literatura infanto-juvenil, embora eu creia
que esse tipo de denominação seja limitante (seria Marguerite Yourcenar
literatura para “Idosos da Melhor Idade?”). Aqui ressalto o nome de Holly Jackson,
da trilogia Manual de assassinato para boas garotas, um triller
que mistura não apenas suspense e investigação de crimes, como também temas do
nosso tempo: racismo, machismo, abuso, preconceito e amadurecimento num mundo meio
infantilizado e fútil. Adoraria ter lido Holly Jackson aos 15 anos, se ela já
tivesse nascido na época, mas sua escrita e suas tramas envolventes me deixam animadas
hoje, que tenho quase 50 anos: não leio para me instruir, mas para me encantar.
A propósito, há uma série na Netflix, baseada no primeiro volume, que considerei
muito fraca se comparada ao livro (não consegui ir além do segundo episódio).
Por
um tempo pensei que meu amor pela leitura de prosa tivesse morrido. Não
conseguia mais ler romances ou reler aqueles que um dia me encantaram. Nada me
interessava mais. Lia outras coisas, outros gêneros, porque a leitura sempre
fez parte de minha vida, de uma necessidade vital, mas não sabia mais o que era
ser transportada pela beleza das palavras que narram, ser sequestrada por uma
história até sua última página. Até que me vi envolvida e paralisada por um
pequeno e aterrador romance de Marguerite Yourcenar, Golpe de
misericórdia, que li porque era curto e eu tinha pressa. Depois vieram
outro, e mais outro, levado pelo anterior, vários numa sequência, revelando um
universo cheio de novas perspectivas de mundo, de distintas maneiras de narrar.
E antes dele, outros que me mandaram sinais que na época não compreendi: todos
livros escritos por mulheres. E descobri com alívio que eu não tinha deixado de
gostar da prosa. Eu estava apenas cansada da prosa escrita por homens.
O
percurso em progresso, por nome de autora em ordem alfabética:
Adania
Shibli, Detalhe menor. Trad. Safra Jubran. São Paulo, Todavia.
Arundhati
Roy, O deus das pequenas coisas. Trad. José Rubens Siqueira. São
Paulo, Companhia de Bolso.
Carson
McCullers, O coração é um caçador solitário. Trad. Sonia Moreira.
Companhia das Letras.
Celeste
Ng, Tudo o que nunca contei. Trad. Julia Sobral Campos. Rio de
Janeiro, Intrínseca.
Celeste
Ng, Os corações perdidos. Trad. Fernanda Abreu. Rio de Janeiro,
Intrínseca.
Chimamanda
Ngozi Adichie, Hibisco roxo. Trad. Julia Romeu. Companhia das
Letras.
Cristina
Judar, Oito do sete. São Paulo, Reformatório.
Elena
Ferrante, A filha perdida. Trad. Marcello Lino. Rio de Janeiro,
Intrínseca.
Emily
Brontë, O morro dos ventos uivantes. Trad. Raquel de Queiroz. Nova
Cultural.
Emily St. John Mandel, Estação
onze. Trad. Rubens Figueiredo. Rio de Janeiro, Instrínseca.
Elif
Batuman, A idiota. Trad. Odorico Leal. São Paulo, Companhia das
Letras.
Han Kang, A vegetariana. Trad. Jae
Hyung Woo. São Paulo, Todavia.
Hiromi
Kawakami, A valise do professor. Trad. Jefferson José Teixeira. São
Paulo, Estação Liberdade.
Hiromi
Kawakami, Quinquilharias Nakano. Trad. Jefferson José Teixeira. São
Paulo, Estação Liberdade.
Holly
Jackson, Manual de assassinato para boas garotas. Trad. Diego Magalhães
e Karoline Melo. Rio de Janeiro, Intrínseca.
Holly
Jackson, Boa garota: segredo mortal. Trad. Karoline Melo. Rio de
Janeiro, Intrínseca.
Holly
Jackson, Boa garota nunca mais. Trad. Karoline Melo. Rio de Janeiro,
Intrínseca.
Isabel Allende, O amante japonês. Trad.
Ângela Barroqueiro. Porto, Porto Editora.
Jacqueline
Harpman, Eu que nunca conheci os homens. Trad. Diogo Grando. Porto Alegre/
São Paulo, Dublinense.
Julie
Otsuka, O Buda no sótão. Trad. Lilian Jenkino. São Paulo, Grua.
Karen
Blixen, A fazenda africana. Trad. Claudio Marcondes. São Paulo,
Cosac Naify.
Katie
Kitamura, Uma separação. Trad. Sonia Moreira. São Paulo, Companhia
das Letras.
Kim Thúy, Ru. Trad. Letícia Mei. Âyiné.
Laetitia
Colombani. A trança. Trad. Patricia Xavier. Lisboa, Bertrand
Editora.
Lionel
Shriver, A nova república. Trad. Vera Ribeiro, Rio de Janeiro,
Intrínseca.
Magda
Szabó, A porta. Trad. Edith Elek, Rio de Janeiro, Intrínseca.
Marlen Haushofer, A parede.
Trad. Sofia
Mariutti. Todavia.
Margaret
Atwood, O conto da aia. Trad. Ana Deiró. Rio de Janeiro, Rocco.
Marguerite
Duras, A dor. Trad. Vera Adami. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
Marguerite
Yourcenar, Golpe de misericórdia. Trad. Ivo Barroso. Rio de
Janeiro, Nova Fronteira.
Maria
Valéria Rezende, Outros cantos. Rio de Janeiro, Objetiva.
Marilia
Arnaud, Liturgia do fim. São Paulo, Tordesilhas.
Marilia
Kubota, Eu também sou brasileira. São Paulo, Lavra Editora.
Mary
Lynn Bracht, Herdeiras do mar. São Paulo, Editora Paralela.
Megan
Crewe, O fim de todos nós. Trad. Rita Sussekind. Intrínseca.
Mieko
Kawakami, Peitos e ovos. Trad. Eunice Suenaga. Rio de Janeiro,
Intrínseca.
Min
Jin Lee, Pachinko. Trad. Marina Vargas. Rio de Janeiro, Intrínseca.
Muriel
Barbery, A elegância do ouriço. Trad. Rosa Freire D’Aguiar. São
Paulo, Companhia das Letras.
Naomi
Alderman, O poder. Trad. Rogério Galindo. São Paulo, Planeta.
Nastassja
Martin, Escute as feras. Trad. Camila Vargas Boldrini e Daniel
Lühmann, Editora 34.
Octavia
Butler, Bloodchild e outras histórias. Trad. Heci Regina Candiani. São
Paulo, Editora Morro Branco.
Olga
Tokarczuk, Sobre os ossos dos mortos. Trad. Olga
Baginska-Shinzato. São Paulo, Todavia.
Ottessa
Moshfegh, Meu ano de descanso e relaxamento. Trad. Juliana Cunha.
São Paulo, Todavia.
Pilar
Quintana, A cachorra. Trad. Livia Deorsola. Rio de Janeiro,
Intrínseca.
Sanaka,
Hiiragi. A lanterna das memórias perdidas. Porto, Porto Editora.
Sayaka Murata, Querida konbini. Trad.
Rita Kohl. São Paulo, Estação Liberdade.
Sayaka Murata, Terráqueos. Trad. Rita Kohl. São
Paulo, Estação Liberdade.
Sei
Shônagon, O livro do travesseiro. Trad. G. Wakisaka, J. Ota, L.
Hashimoto, L. N. Yoshida e M. H. Cordaro. São Paulo, Editora 34.
Simone
de Beauvoir, A mulher desiludida. Trad. Helena Silveira e Maryan A.
Bon Barbosa. Rio de Janeiro, O Globo; São Paulo, Folha de S.Paulo.
Svetlana
Aleksiévitch, A guerra não tem rosto de mulher. Trad. Cecília
Rosas. São Paulo, Companhia das Letras.
Tieko
Irii, As ruas sem nome. São Paulo, Patuá.
Yoko
Ogawa, A fórmula preferida do professor. Trad. Shintaro Hayashi.
São Paulo, Estação Liberdade.
Yoko
Ogawa, A polícia da memória. Trad. Andrei Cunha. São Paulo, Estação
Liberdade.
Yoko
Ogawa, O museu do silêncio. Trad. Rita Kohl. São Paulo, Estação
Liberdade.
You-jeong
Jeong, Sete anos de escuridão. Trad. Paulo Geiger. São Paulo,
Todavia.
You-jeong
Jeong, O bom filho. Trad. Jae Hyung Woo. São Paulo, Todavia.
Xinran, As
boas mulheres da China. Trad. Manoel Paulo Ferreira. São Paulo, Companhia
de Bolso.
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