segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O céu que nos protege


(Ryuichi Sakamoto, "The sheltering sky")


A morte está sempre a caminho, mas o fato de você não saber quando ela chegará parece excluir da vida sua finitude. É aquela terrível precisão que tanto odiamos. Mas, porque não sabemos, pensamos na vida como um poço inesgotável. Mesmo assim, tudo acontece apenas um número fixo de vezes, e um número bem pequeno, na realidade. Quantas vezes mais você se lembrará de uma certa tarde de sua infância, uma tarde tão profundamente enraizada no seu ser que você sequer pode conceber a vida sem ela? Talvez quatro ou cinco vezes mais. Talvez nem isso. Quantas vezes mais você vai contemplar o surgimento da lua cheia? Talvez vinte vezes. E, ainda assim, tudo parece ilimitado.


(Paul Bowles, O céu que nos protege. A tradução do trecho é minha)

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