Pisava
com leveza nos presságios
Tocando
cada lugar de sua ausência
Onde não
há água para respirar
Todos os
seres têm seu rosto
Inclusive
o menino estrangeiro de cabelo mapuche que pela [primeira vez me beijou na saída da escola
Me leve
para o seu deserto
Para o
meu elemento
Lá onde
céu nenhum "nos protege de nós mesmos"
Abri a
janela dos seus altiplanos
Para
nadar nos seus olhos:
Faz frio demais quando estamos sozinhos
O que você vê nos olhos de quem olha?
Atrás de mim me espreitam três mil páginas de Bolaño
Trancarei o medo em meus braços
Com a
chave que usou para abrir a jaula onde me esqueceram [desde o século
XIX
Sobrevivo
há muito tempo
Das
lembranças que não tivemos
Porque
éramos coisas de outros donos
Agora
moro em um novo altar
(Leila Guenther, 1948)