sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Joan of Arc


Agora as chamas acompanham Joana D’Arc
Enquanto ela cavalga pela escuridão;
Não há lua que mantenha o brilho de sua armadura,
Não há homem que a tome nesta noite tão esfumaçada.
Ela disse: “Estou cansada da guerra,
Quero o tipo de trabalho que eu tinha antes,
Um vestido de casamento ou algo branco
Para recobrir minha fome saciada.”

Bem, estou feliz em ouvi-la falar desse jeito,
Você sabe que a observo cavalgar todos os dias
E algo em mim deseja subjugar
Uma heroína assim fria e solitária.
“E quem é você?”, disse ela com severidade
Àquele sob a fumaça.
“Ora, eu sou o fogo”, ele respondeu,
“E eu amo sua solidão, eu amo seu orgulho.”

“Pois então, fogo, esfrie seu corpo:
“Vou dar-lhe o meu para segurar”,
Dizendo isso ela avançou para dentro dele
Para ser sua única noiva.
E no fundo de seu coração ardente
Ele tomou os restos mortais de Joana D’Arc,
E do alto, por sobre os convidados do casamento
Suspendeu as cinzas de seu vestido de noiva.

E no fundo de seu coração ardente
Ele tomou os restos mortais de Joana D’Arc,
Foi quando ela entendeu
Que se ele era fogo, ela só podia ser madeira.
Eu a vi se contrair, eu a vi chorar
Vi a glória em seu olhar.
Eu mesmo anseio por amor e luz,
Mas tem de ser algo tão cruel e, ah, tão luminoso?

(Leonard Cohen, "Joan of Arc". Tradução minha)

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