[o coração
das trevas e dos leões
[que ronronavam no tapete da sala
[banhado pelo sol magro
atravessando
[a janela
Benditos os cães que se eu pedisse
[a janela
Benditos os cães que se eu pedisse
[me rasgariam a barriga e mastigariam
[o
pudim de vidro que jantamos dias atrás
A selva e seu chamado trazem uma certidão
A selva e seu chamado trazem uma certidão
[de nascimento antiga e rasurada
[onde não consta pai
Os que ainda não chegaram esperam
Os que ainda não chegaram esperam
[na fila
subterrânea junto às minhocas
[e comem terra apenas por distração
Esta é a hora dos ruminantes,
Esta é a hora dos ruminantes,
[que nos espiam da
eternidade
[com a pena infinita de quem pisca
[os olhos com lentidão e extravagância
[os olhos com lentidão e extravagância
Já não há jaulas pelas quais lutar
E o sabiá já não abre o bico nem para dizer
“Nunca mais”
E o sabiá já não abre o bico nem para dizer
“Nunca mais”
(Leila Guenther)
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