Para
Marilia Kubota
Quando nascemos
nos examinaram
com dedos civilizados e meticulosos
que não pudemos impedir
Jamais se recuperaram do que viram ao microscópio
Vieram pólvora fogueira ferro em brasa forno de assar gente incêndio cogumelo de fogo choque elétrico queimadura de cigarro sol sem filtro
Todas as tecnologias criadas por mãos sem calos e cérebros sem pudor
Mas vós, também luz, não viestes
Se pelo menos não houvesse tanta areia
Se pelo menos houvesse água onde nos afogar
Não vos teríamos esperado
Por vós nos sentamos no primeiro degrau e não subimos os outros
Na soleira do deserto vos aguardávamos
(A nós, moeda de troca, era proibido o abrigo na torre de vigia)
Os cabelos embranqueceram
as veias estouraram
os seios caíram
O pó empilhado se petrificou
E a flor do chão não renasceu depois de pisada
Não viestes
Só muitos séculos depois é que soubemos:
Nunca vos deixaram entrar
(Leila Guenther)
com dedos civilizados e meticulosos
que não pudemos impedir
Jamais se recuperaram do que viram ao microscópio
Vieram pólvora fogueira ferro em brasa forno de assar gente incêndio cogumelo de fogo choque elétrico queimadura de cigarro sol sem filtro
Todas as tecnologias criadas por mãos sem calos e cérebros sem pudor
Mas vós, também luz, não viestes
Se pelo menos não houvesse tanta areia
Se pelo menos houvesse água onde nos afogar
Não vos teríamos esperado
Por vós nos sentamos no primeiro degrau e não subimos os outros
Na soleira do deserto vos aguardávamos
(A nós, moeda de troca, era proibido o abrigo na torre de vigia)
Os cabelos embranqueceram
as veias estouraram
os seios caíram
O pó empilhado se petrificou
E a flor do chão não renasceu depois de pisada
Não viestes
Só muitos séculos depois é que soubemos:
Nunca vos deixaram entrar
(Leila Guenther)
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