Para Adriane Garcia
Onde você perdeu seus olhos?
Em que noite eles se esconderam
Camuflados na paisagem?
Eram duas bolas de gude castanhas
Onde o mundo se enxergava e se redescobria
O que viram para desaparecer assim?
Teriam sido arrancados
Quando você olhou para trás
Antes de chegar até aqui?
Ou você mesma os arrancou?
Onde o mundo se enxergava e se redescobria
O que viram para desaparecer assim?
Teriam sido arrancados
Quando você olhou para trás
Antes de chegar até aqui?
Ou você mesma os arrancou?
A ameaça dos homens é vã
Porque nenhum deus tem o poder
De transformar alguém em estátua:
Isso é apenas o que dizemos às crianças
Para assustá-las se não se comportam
Enquanto preparamos as refeições
Seu corpo chegou em carne e osso
Embora recoberto de arranhões, feridas, roxos, cortes
E o que mais se acumula numa fuga
Quando não enxergamos
As solas dos pés, perfuradas de espinhos, infeccionaram
Você veio apenas para morrer
Todas nós choramos por velar uma mulher sem nome
Por respeito tentamos cerrar suas pálpebras
Mas elas afundaram
Sugadas por dois buracos
Cheios de vazio
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